A tecnologia avança a passos largos. Cada dia que passa novos equipamentos são lançados no mercado e tantos outros se tornam obsoletos. Aliado a esta evolução está todo um marketing das empresas envolvidas neste processo no sentido de fazer com que o consumidor queira sempre possuir os últimos modelos lançados, considerando que os demais não mais atendem suas necessidades. Isto faz com que mesmo em meio a crises econômicas os usuários acabem contraindo dívidas e parcelamentos para comprar equipamentos “top de linha” ou atualizar seus dispositivos. Com o crescimento do mercado de celulares, esta prática se tornou então quase que uma imposição. Mas será que isto é mesmo necessário?
Em primeiro lugar, você precisa esquecer tudo que os outros e as propagandas te falam e se perguntar: “Para que preciso do computador (ou do celular, se for o caso)?” e a partir desta pergunta já pode filtrar suas opções para aquelas com melhor custo/benefício. Se o seu uso do computador for para navegação na internet, redes sociais e edição de textos, será que você precisa de uma super máquina com placa de vídeo dedicada, memória enorme e ultra rápida com processador de última linha com dezenas de núcleos ou uma máquina modesta já lhe permite fazer o que precisa?
Uma outra pergunta que você precisa se fazer é: Preciso armazenar muita informação? O que pretendo armazenar? Posso usar nuvem (até mais seguro) ou é fundamental ter tudo armazenado no equipamento? Se você desejar armazenar textos e no máximo fotos e vídeos pequenos, não há tanta exigência de armazenamento, visto que além de caberem muitas dessas informações até nos computadores mais simples, é possível utilizar um armazenamento em nuvem, o que oferece inclusive uma segurança bem maior.
Importante também para decidir melhor é verificar se o dispositivo permite atualizações em sua estrutura (acréscimo de memória, troca de processador, troca do armazenamento utilizado, etc.).
Os softwares que se deseja utilizar também podem interferir no equipamento. Programas mais modernos e robustos ocupam mais memória e processador do computador. Será que você precisa deles ou versões anteriores ou de outros fabricantes dariam conta? Qual a vantagem de ter planilhas que fazem gráficos estatísticos, possuam linguagem de programação embutida e milhares de fórmulas e assistentes pré-programados se você só utiliza para fazer tabelas de preço simples?
Há ainda outros fatores podem ser tão ou mais importantes do que a estrutura da máquina, como a portabilidade (dá para transportar de forma prática?), durabilidade de bateria (quanto tempo preciso utilizar fora de uma tomada?), a flexibilidade de uso (pode ser usado como notebook e também como tablet?), o conforto (seu uso é confortável ou possui digitação ou outras atividades aflitivas?).
Na verdade, o que quero dizer é que muitas pessoas se deixam levar pelo marketing ou por modismos e não percebem que muito mais do que ter um equipamento caro de último tipo, ela precisa de todo um conjunto que nem sempre será oferecido somente por esses equipamentos mais caros. Muitas vezes um dispositivo mais modesto com um custo mais adequado às suas necessidades pode “dar conta do recado” completamente, sem deixar nada a desejar.
Lembro que já faz mais ou menos um ano resolvi adquirir um notebook para que pudesse realizar minhas atividades. Ao comparar os diversos equipamentos disponíveis, optei por um modelo DUO (que permite dobrar a tela para trás e se transformar em um tablet), pois enquanto professor e palestrante, me auxiliava muito nesses trabalhos, funcionando como um dispositivo de mão com o conteúdo e possibilidade de anotações, sem contar que poderia ser conectado a um projetor sem fio. Ele também era de um tamanho extremamente pequeno e fino se comparado com outros “famosos” do mercado: possuía apenas 10’’. Tudo isso em detrimento a um processador de dois núcleos (quando no mercado já existem com 8 ou 16) e memória RAM de 4Gb, quando existem com 8 e 16... Quando amigos souberam de minha escolha fui fortemente criticado, entretanto, para o uso a que se destinava, servia muito bem. O fato de ser pequeno, leve e fino e de virar um tablet foram mais importantes para mim do que ter um super processador. Hoje ainda o utilizo para escrever textos e até desenvolver aplicativos para sistema Android e não passo por nenhuma dificuldade. Ainda assisto vídeos e consigo até manter uma janela com canais de TV enquanto trabalho. Tudo isso pagando ¼ do valor que pagaria se seguisse as tendências do mercado ou conselhos de amigos “antenados” com as novas tecnologias.
É comum eu ver pessoas com dispositivos caríssimos, mas fazendo com ele o que qualquer dispositivo barato permitiria fazer, algumas vezes de forma até mais adequada. Antes de gastar trocando seu equipamento ou comprando um novo, veja bem todas as alternativas do mercado, analise aquele que com melhor custo benefício, atendendo suas necessidades e não as necessidades de venda das empresas!
Adriano Freitas é formado em Sistemas de Informação com
duas pós graduações em áreas ligadas às Neurociências,
programa de estudo completo em Harvard e é servidor efetivo da
Universidade Federal Fluminense
Universidade Federal Fluminense
Programa de Extensão Sustenta-Vida
Campus Nova Friburgo